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MANIFESTO PODCASTING.

Vivemos o boom do Podcast em 2019. Após quase uma década falando, prevendo e apostando no tal “ano do Podcast”, nós finalmente o vivemos no ano passado. O Podcast, que era considerado uma mídia “de nicho”, ganhou os grandes meios de comunicação e virou destaque na tv, jornal, rádio, cinema e em outros meios. Embora a tecnologia por trás dele não tenha sofrido nenhuma mudança, com a entrada de grandes plataformas de áudio (anteriormente focadas em músicas), o Podcast foi se popularizando. Mas essa popularização tem um preço e ele já está sendo cobrado.

Nos últimos anos também vimos o crescimento das plataformas de streaming de vídeos (focadas em filmes e séries). Estar nestes catálogos era um sinal do sucesso das produções e a possibilidade de alcançar novos públicos. Também vimos que essas mesmas plataformas passaram a produzir seus conteúdos, sujeitando a continuidade dos mesmos a critérios ainda escusos. Vemos surgir novas séries todos os anos mas um grande número delas fica fadada ao limbo das histórias inacabadas, tendo apenas uma temporada ou terminando de forma abrupta sem um clímax.

Será que viveremos isso com os Podcasts agora que monetizar esse tipo de conteúdo (exclusivo ou não) parece ser uma prioridade na vida de uma grande parcela dos produtores?

Podcast é liberdade.

Numa era em que vivemos tão ligados à tecnologia que se tornou difícil dissociar a vida online da vida offline, todos os dias vemos surgir conteúdos virais que invadem nossas vidas e são esquecidos logo em seguida. Ao mesmo tempo vivemos a cultura da bolha e do algoritmo, onde as redes sociais escolhem a seu bel-prazer o que vamos consumir e o que nem vai aparecer nos nossos feeds. O Podcast quebra essa lógica ao não depender desses algoritmos para alcançar as pessoas, garantindo que todos os assinantes recebam seu conteúdo.

De criação.

Podcasts são criados todos os dias com os mais diversos objetivos, sem que precisem tratar de temas pré-definidos. Por não estarem ligados a plataformas específicas, é possível tratar de qualquer assunto dentro deles sem que se corra o risco de ter seu conteúdo deletado.

Produção.

Podcasts podem ser produzidos com pouquíssimos materiais, desde um celular com acesso à internet a um estúdio profissional totalmente equipado. O mínimo necessário é que se capte a voz e que depois ela seja distribuída via feed. Também é possível gravar presencialmente ou de forma online, ampliando as possibilidades de participação e dando voz aos mais diversos sujeitos.

Distribuição.

O grande potencial do Podcast é visto na sua capacidade de distribuição, tornando-o uma ferramenta orgânica para pulverização de conteúdos e alcance. Celulares, computadores, assistentes virtuais, carros, alto-falantes inteligentes e smart tvs, dentre outros dispositivos, são capazes de reproduzir esse conteúdo com apenas um aplicativo (agregador de podcast) ou com acesso direto ao site em que está hospedado. Também é possível enviar o link de acesso direto para outras pessoas ou o conteúdo em si através de aplicativos de comunicação.

Entretanto é possível notar que plataformas de streaming estão investindo em Podcasts para torná-los exclusivos ou prometendo monetização de conteúdo desde que esse seja consumido em sua própria plataforma. Não é errado lucrar com o que é produzido, o errado é chamar de “podcast” a um conteúdo que só pode ser acessado por uma única plataforma e está sujeito a suas regras. Em pouco tempo poderemos ver o surgimento do “algoritmo Podcast” que irá escolher, de acordo com o interesse dessas plataformas, o que será tocado dentro delas. Muram-se os jardins para que nem todos possam apreciá-los. 

E de expressão.

Juntando todos esses elementos e adicionando a eles a inexistência de um órgão regulador, percebe-se que o Podcast é a ferramenta para distribuição de conteúdos mais livre de todas, permitindo que vozes sejam amplificadas, distribuídas, pulverizadas e que alcancem ativamente um número gigantesco de ouvintes de uma base que cresce diariamente. Ao distribuir o conteúdo via feed, não é necessário se sujeitar às regras de plataformas que apenas visam lucros e que monetizam em cima do que é hospedado nelas. Pode-se criar conteúdos de qualquer assunto e com pouquíssimos equipamentos que ultrapassam as barreiras geográficas. 

VIDA LONGA AO PODCASTING!

Cintia Pudim

Blogueira | Podcaster | Cafeinólatra | Social Media