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High Tech, Low Life: Como a tecnologia vem dominando as nossas vidas

Dos anos 80 para cá, os computadores entraram nas nossas vidas e não saíram mais. Nos anos 90, entraram nos nossos lares. No início dos anos 2000, o boom dos celulares nos transformou em humanos do agora — passou a ser possível nos encontrar em qualquer lugar, a qualquer momento. Na década de 2010, as redes sociais se popularizaram tanto que era até difícil encontrar alguém que não estivesse em pelo menos uma delas. Já a década de 2020, bem, essa é a década da inteligência artificial.

A década que vai mudar o mundo.

Interpretação artística do Bing sobre “a mudança no planeta causada pela tecnologia“.

Entre avanços tecnológicos e retrocessos humanos

A tecnologia está se tornando mais avançada a cada dia e está afetando nossas vidas de maneiras profundas, mudando a forma como nos comunicamos, trabalhamos, aprendemos e nos divertimos. Estamos cada vez mais dependentes dos nossos apetrechos tecnológicos como celulares e computadores, sendo até difícil lembrar de como era a nossa vida antes deles se popularizarem. Isso traz facilidades como ter refeições a um toque de celular, comprar produtos sem precisar sair de casa, fazer pagamentos pelo app do banco, etc. Mas, como quase tudo no Universo, a tecnologia também tem um lado obscuro.

À medida que passamos mais tempo online, interagimos menos com outras pessoas no mundo real, o que acaba criando sentimentos de solidão, isolamento e falta de conexão. A intensa exposição a informações também leva a sentimentos de ansiedade, estresse e preocupação, assim como depressão, principalmente em usuários mais jovens. Esses sentimentos não aparecem do nada em nossas vidas, vão crescendo devagarinho até chegar em um ponto em que são impossíveis de ignorar.

Não avançamos como sociedade na mesma velocidade que a tecnologia avança, nos colocando em desvantagem nessa corrida.

Um mundo distópico

Em 1995, Carl Sagan, em seu livro O Mundo Assombrado Pelos Demônios, cunhou o seguinte pensamento:

Tenho um pressentimento sobre a América do Norte dos tempos de meus filhos ou de meus netos – quando os Estados Unidos serão uma economia de serviços e informações; quando quase todas as principais indústrias manufatureiras terão fugido para outros países; quando tremendos poderes tecnológicos estarão nas mãos de uns poucos, e nenhum representante do interesse público poderá sequer compreender do que se trata; quando as pessoas terão perdido a capacidade de estabelecer seus próprios compromissos ou questionar compreensivelmente os das autoridades; quando, agarrando os cristais e consultando nervosamente os horóscopos, com as nossas faculdades críticas em decadência, incapazes de distinguir entre o que nos dá prazer e o que é verdade, voltaremos a escorregar, quase sem notar, para a superstição e a escuridão.

CARL SAGAN

Sagan, ainda em 1995, já previa o início da DISTOPIA que estamos vivendo agora, em 2023. Os Estados Unidos dominam a área de serviços e informações (o Vale do Silício é a Meca da tecnologia, com Apple, Facebook e Google sendo algumas das empresas mais conhecidas a terem suas sedes na região), indústrias de manufatura migraram para países de terceiro mundo — onde as condições de trabalho são precárias —, e o verdadeiro poderio tecnológico está nas mãos de poucas pessoas, embora muitas ferramentas estejam disponíveis para qualquer um que tenha acesso a um aparelho que se conecte à internet (smartphone/computador). Dentre essas ferramentas, as IAs generativas como ChatGPT, Bard, Bing Image Creator e Midjourney se destacam.

No 1º semestre de 2023, iniciamos o arco “High Tech, Low Life” no PudimCast® com o objetivo de discutir os avanços tecnológicos mais recentes na área de inteligência artificial. O 1ª episódio trata exatamente do boom dessas tecnologias:

No 2º episódio, discutimos os dois lados da IA, mergulhando em seu lado obscuro e debatendo não apenas seus benefícios, mas também os malefícios que ela traz, principalmente em seu uso exagerado ou pelas mãos erradas:

Ao fim desse arco, fiquei com a sensação de estar sendo engolida por um tsunami tecnológico.

Low Tech, High Life

Como é impossível simplesmente ignorar os avanços tecnológicos — a não ser, talvez, voltando para a caverna de Platão —, a adoção de algumas medidas pode nos ajudar a trazer um pouco mais de vida real para o dia-a-dia. Aqui estão algumas dicas para usar a tecnologia de forma responsável:

  • Estabeleça limites de tempo para o uso de dispositivos eletrônicos;
  • Faça pausas regulares durante o uso desses dispositivos;
  • Monitore seu uso de mídia social (já existem ferramentas para isso);
  • Seja crítico com as informações que você encontra online;
  • Interaja com outras pessoas no mundo real;
  • Cuide de sua saúde mental;
  • Crie um espaço sem dispositivos eletrônicos em sua casa.

Caso o uso intenso de tecnologia esteja prejudicando a sua vida ou você sinta que é impossível diminuir seu uso, procure ajuda de um profissional.


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Cintia Pudim

Blogueira | Podcaster | Cafeinólatra | Social Media